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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Relato de Campo



Como de rotina, fomos para a rua desenvolver o trabalho, porém, diferente dos demais dias, a rua estava esvaziada. Anselmo, psicólogo da equipe, se dirigiu ao carro do projeto e trouxe com ele duas cadeiras, uma mesa e colocou sobre ela papel e lápis de colorir. Os técnicos se entre olharam, diante do deserto que estava a rua e Anselmo falou: "Se uma pessoa sentar aqui, o trabalho foi feito!". Ele se afastou da mesa e com o violão, se juntou ao capoeirista e outros da equipe. Não demora e uma jovem se aproximada enfermeira e de uma estudante e fala sobre a sua difícil relação com o namorado, que por vezes é agressivo com ela. Findado o atendimento, ela se despede e e ao ver a mesa pergunta: "posso desenhar?" Prontamente, forneço papel e lápis de colorir. Naquele momento ela demonstra não desejar falar, apenas desenhar. Ela desenha por alguns minutos e após ser elogiada pelo feito e pela letra bonita, ela revela "eu amo desenhar... gosto mesmo... gosto também da escola, mas eu não vou... a senhora me dá papel para eu desenhar em casa?" Ali, me recordei da frase de Anselmo: "Se uma pessoa sentar aqui, o trabalho foi feito!".

Muitas vezes, ao ver o campo de atuação, a equipe fica desanimada, sem saber o que fazer. Mas com criatividade, as pessoas vão se aproximando, as coisas vão se revelando e o mágico encontro acontece! O que será do próximo encontro entre humanos?

2 comentários:

  1. Legal, Andréa! Faz pensar a importância da abertura, em campo, de espaços de expressão.
    Anselmo

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  2. Essa jovem, na semana seguinte me abordou com um abraço e logo falou "desenhei com os papés que me deu!! Tem mais?!"

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